Na próxima semana, Belém viverá dias de intenso mergulho em sua própria história. No momento em que o golpe de 1964 completa 50 anos, em várias cidades do país, os governos federal e estadual, diversas instituições e organismos, e a sociedade civil em geral promovem eventos para reconstituir fatos e debater sobre aquele momento histórico. A Comissão da Verdade procura desvendar os crimes da ditadura. Jovens, que sequer haviam nascido quando o regime militar terminou, saem às ruas para denunciar ex-torturadores. No cinema, documentários retratam verdades escondidas pela história oficial. A imprensa e editoras publicam dossiês e livros relatando fatos desconhecidos dos chamados “Anos de Chumbo”.

 Dentro deste contexto, o governo do Estado, através do Instituto de Artes do Pará (IAP) idealizou a “Semana 1964 – Lembrar para não esquecer”, reunindo algumas das mais importantes personalidades dessa história. De acordo com Tito Barata, gerente de Artes Literárias e Expressão de Identidade do IAP, “vivemos uma daquelas raras ocasiões em que a história vira tema de debate nacional”.  O gerente explica que a Semana é um mergulho no Brasil e no Pará dos anos 60 e 70, “fase decisiva para entender o que somos hoje”, ressalta. Naturalmente, trata-se do Brasil e do Pará da ditadura, mas é também o Brasil e o Pará da minissaia, do teatro, das artes plásticas, das passeatas e da formação de lideranças que assumiriam o poder a partir dos anos 90.

A programação, ao longo de sete dias, faz uma reconstituição de um período crucial da história brasileira: de março de 1964 a março de 1985 – da deposição de João Goulart, ao dia em que Tancredo Neves quase assumiria a presidência da República. As atividades começam no dia 31 de março e seguem até 6 de abril, no Cinema Olympia. Serão diversos lançamentos de livros, sessões de cinema e palestras com personalidades, como o cineasta Vladmir Carvalho e jornalistas como Paulo Markun e Leila Jinkings, entre outros nomes importantes do cenário nacional. A abertura será com o filme “Jango”, de Silvio Tendler. A programação tem início sempre a partir das 17h, com entrada franca.

Tito Barata ressalta ainda que “o regime de arbítrio, instaurado há cinquenta anos, já não existe. A democracia brasileira, por maiores que sejam suas imperfeições, representou e representa um avanço qualitativo para a construção de um país melhor. E é ela que nos permite realizar este evento, para o qual está convidada a população do Pará”.

A “Semana 1964 – Lembrar para não esquecer”, é uma realização do Governo do Pará, através do Instituto de Artes do Pará.  A entrada é gratuita e haverá certificados de participação. Veja abaixo a programação completa:

SEMANA “1964. LEMBRAR PARA NÃO ESQUECER” – 50 Anos do Golpe

Dia 31 de março. Segunda.

17 horas: Abertura oficial.

19:30 horas – Exibição do filme “Jango”, de Silvio Tendler.

Dia 1º de abril. Terça.

17 horas: Abertura.

Painel: “1964. O GOLPE”.

Participantes do Painel:

Alfredo Oliveira, escritor. (Pará)

Pedro Galvão, publicitário. (Pará)

Marco Antônio Coelho, jornalista. (São Paulo)

Por Danielle Franco

FONTE: http://agenciapara.com.br/Noticia/97703/programacao-discute-50-anos-do-golpe-militar-no-brasil