Com o objetivo principal de apurar e esclarecer os fatos e as circunstâncias de violações graves aos direitos humanos ocorridos durante o regime militar na Amazônia, em especial no Pará, a Comissão da Verdade foi o tema da entrevista coletiva concedida na manhã desta sexta-feira (29), por membros da entidade, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará (OAB-PA).

A comissão é composta por Renato Theophilo Marques de Nazareth Netto (da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos – Sejudh), João Lúcio Mazinni da Costa (Arquivo Público Estadual), Ana Michelli Gonçalves Siares Zagalo (Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social – Segup), Carlos Alberto Barros Bordalo (Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa), Egídio Machado Sales Filho (Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará), Marco Apolo Santana Leão (Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos), Paulo Cesar Fonteles de Lima Filho (Comitê Paraense pela Verdade, Memória e Justiça), Jureuda Duarte Guerra (Conselho Regional de Psicologia –PA/AP) e Maria Franssinete de Souza Florenzano (Sindicato dos Jornalistas do Pará – Sinjor).

Na foto: Marco Apolo Santana Leão, Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos.
FOTO: CRISTINO MARTINS/ AG. PARÁ

“Nosso papel é coletar mais informações que possam ajudar na apuração dos casos de morte, tortura e desaparecimento no Estado, com a criação de um banco de dados e de grupos religiosos, estudantis, políticos e outros, para contribuir no processo de apuração”, ressaltou Egídio Machado Sales Filho, presidente da Comissão.

A Assembleia Legislativa sancionou a Lei Estadual n° 7.802, de 31 de março de 2014, atribuindo à Comissão o poder de investigar casos de tortura, morte, desaparecimento forçado e ocultação de cadáver, envolvendo paraenses ou residentes no Estado no período da ditadura militar. As instituições envolvidas terão dois anos para a conclusão dos trabalhos, que poderão ser prorrogados até a extinção da Comissão Nacional da Verdade.

Na foto: Paulo Cesar Fonteles de Lima Filho (Comitê Paraense pela Verdade, Memória e Justiça). FOTO: CRISTINO MARTINS/ AG. PARÁ

De acordo com Paulo Cesar Fonteles de Lima Filho, o Pará necessita de uma apuração profunda desses casos. “Desde 2009, cerca de 50 milhões de documentos arquivados pelo Conselho Nacional mostram que cerca de 150 políticos estão desaparecidos desde a ditadura no Brasil, e provavelmente metade deles estão aqui na Pará. A Guerrilha do Araguaia contou com uma força muito grande dos militares”, disse ele, que também destacou que serão analisados os locais de tortura, como uma instalação do Exército em Belém, no local onde hoje funciona A Casa das Onze Janelas.

“Muitas famílias não sabem até hoje informações sobre o desaparecimento de vítimas durante a ditadura no Estado, e a Sejudh irá ajudar a esclarecer esses casos, atuando para garantir os direitos violados de famílias vítimas da ditadura”, reiterou Renato Marques Netto, da Sejudh.

Na foto: Renato Theophilo Marques de Nazareth Netto, da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos – Sejudh.
FOTO: CRISTINO MARTINS/ AG. PARÁ
DATA: 29.08.14
BELÉM-PARÁ

A Comissão será instalada em 1º de setembro, em solenidade realizada no Espaço São José Liberto, às 18 h, e contará com a presença de Maria Rita Kehl (da Comissão Nacional da Verdade), Paulo Vannuchi (da Organização dos Estados Americanos – OEA), Nadine Borges (da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro), Adriano Diogo (da Comissão da Verdade de São Paulo) e Izabel Cambraia (da Comissão da Verdade do Amapá).

Na terça-feira (2), os membros da Comissão participarão de um seminário aberto ao público, no qual serão abordadas questões da ditadura militar na Amazônia. O seminário será no auditório Pará, no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, das 8 às 13 h. No dia 3 será feito um planejamento interno para os técnicos que atuarão com a Comissão da Verdade no Pará, das 8 às 20 h.

Por Leba Peixoto

FONTE: http://agenciapara.com.br/Noticia/104571/membros-da-comissao-da-verdade-divulgam-programacao-no-para